Cremoso, delicioso e além de tudo estiloso! Sim, estamos falando dessa receita tradicional de Milão, o risoto milanês, que conquistou o coração dos italianos e também vai conquistar o seu.
Super acessível, por ser feito com ingredientes simples e baratos, e extremamente complexo, pela sua técnica de cozedura, esse prato é uma mistura de comidinha de vó, com uma pitada de alta gastronomia.
Lenda ou História?
A história da criação desse famoso prato milanês se mistura com a história de outro grande ícone de Milão, a Catedral Duomo, e está baseada em um manuscrito que se encontra na Biblioteca Trivulziana, no Arquivo Cívico Histórico do Castello Sforzesco.
O ano é 1574, e estamos na Catedral Duomo, onde o vitralista Valerio di Fiandra está trabalhando nos famosos vitrais da igreja. Na sua equipe há um ajudante, que tem a mania de misturar açafrão em todas as cores, por acreditar que assim tornava-as mais brilhantes e bonitas. Reza a lenda, que num belo dia, Valerio di Fiandra, apelidou o aprendiz de “Saffron”, e brincando disse ao rapaz que se ele continuasse assim, acabaria colocando o açafrão também nos pratos. Pois no dia do casamento da filha de Valerio di Fiandra, o ajudante quis pregar uma peça no mestre, combinando com a cozinheira de colocar uma pitada de açafrão no prato a ser servido no jantar. A brincadeira acabou transformando o simples prato em uma iguaria, com sua cor dourada e sabor requintado.
Selo de Denominação Municipal de Origem
O risoto milanês se tornou uma unanimidade em toda a Itália e, em 2007, recebeu da Câmara Municipal de Milão, o selo de Denominação Municipal de Origem (De.CO): um produto originalmente milanês!
O selo de Denominação Municipal de Origem (De.CO) é um reconhecimento estabelecido e concedido pela administração municipal com o objetivo de proteger e valorizar um produto típico, uma receita tradicional, um produto artesanal (alimentar e não alimentar) em estreita correlação com o território e a sua comunidade.
Outros pratos de origem milanesa que possuem o selo De.CO são: o Panetone, a Micheta (um pãozinho), o Ossobuco à Milanesa, a Costeleta à Milanesa (nosso querido bife à milanesa), o mondeghili (almôndegas), a sopa minestone, a barbajada (uma bebida típica), a Cassoeula (parece com um cozido) e a rostin Negaa (uma carne assada).
Receita do Tradicional Risoto Milanês
Essa receita foi gentilmente cedida pelo chef Mr Di Carlo, do tradicional Hotel Grand Visconti Palace, em Milão. A foto é de arquivo pessoal, de um risoto milanês com ossobuco, outra famosa receita tradicional milanesa. Essa combinação é imperdível.
Risotto alla Milanese
ImprimaINGREDIENTES
- 125g manteiga
- uma taça de vinho branco
- 150g de queijo parmesão ralado
- cebola
- 300g de arroz carnaroli ou arbóreo
- açafrão (pó ou pistilos)
- 1lt de caldo de legumes
INSTRUÇÕES
Derreta em fogo baixo 80 gr de manteiga e acrescente a cebola picadinha, mexendo com uma colher de pau. Junte o arroz e toste, fazendo com que absorva a manteiga. Aumente o fogo, acrescente o vinho até que evapore. Adicione duas conchas de caldo. Esta operação deve ser repetida até que o cozimento esteja concluído. Dissolva o açafrão em um pouco de caldo e coloque na panela de arroz. Misturando bem. Retire a panela do fogo, junte o queijo parmesão e o restante da manteiga. Sirva com alguns pistilos de açafrão como decoração.
Variações e Releituras Brasileiras
Aqui no Brasil o risoto chegou junto com a imigração italiana, no séc. XIX e com o tempo ganhou status de comida requintada.
Com a fama, também vieram variações e releituras da tradicional receita, e hoje, felizmente, podemos encontrar risoto de diversos tipos, como: risoto de carne seca com abóbora, de camarão com limão siciliano, queijo brie, aspargos, de linguiça com queijo coalho…e releituras maravilhosas como o famoso picadinho carioca, transformado em risoto pelo chef Pedro Artagão, do Irajá Gastrô, no Rio de Janeiro; ou o risoto de moqueca capixaba, uma releitura feita pelo chef Juarez Campos, do Restaurante Oriundi, no Espírito Santo.
Espero que essa receita do tradicional risoto milanês, possa levar um pouquinho de Milão pra sua mesa. Depois me conta aqui embaixo, se você fez essa receita e se ela é ou não é uma comidinha de vó glamorosa.